domingo, 31 de julho de 2011

Fenômeno comum das grandes cidades, as escolas pichadas e depredadas, o que fazer?

As escolas pichadas nas grandes cidades é a demonstração de uma cultura, que vem da perspectiva dos jovens da periferia em relação à visão que possuem sobre o Mundo em que vivem.
As escolas, infelizmente, por não compreenderem essa cultura, apenas procuram criar mecanismos de punição. Que nem sempre surgem resultados, pelo contrário, na maioria delas aumentam as situações de indisciplina dos alunos.
O que poderia fazer nessa situação, seria estudar com os alunos o problema visual que as pichações acarretam. Depois, montar com eles outra maneira da pichação, através de um projeto pedagógico mais formativo. Onde o aluno fosse o sujeito e não o elemento. Ou seja, buscar a partir do problema um projeto de pesquisa. Que certamente enriqueceria escola e comunidade, dentro de uma perspectiva de conhecimento.
As depredações vêm em função da primeira situação, ou seja, se o aluno picha e é punido, ele aumenta a sua participação negativa na escola e passa a pichar e depredar. Porque não se sente como sujeito, mas como elemento, de uma escola que não o ouve, apenas o cobra, dentro de uma visão que não é a dele, mas sim, uma visão distante do seu Mundo real.
Desta maneira, o aluno se comporta com resistência e passa a ver a escola como inimiga e não como uma instituição que vai dar a ele conhecimento, formação e desenvolvimento social.
Numa escola assim, é comum aumentar a violência, que é antes de tudo um fenômeno social, que a escola não está livre, pois ela também faz parte da sociedade e recebe dentro dela e em seu entorno a realidade da sua comunidade. Mas, em tendo um projeto político pedagógico que dê conta desta realidade, a violência social que é inerente a escola, poderá melhorar as relações de convivência no espaço escolar. Para isso, a escola, como instituição precisa propor, mas também precisa receber propostas dos seus alunos e de sua comunidade. Pois só a soma das propostas, escola, alunos e comunidade, poderão estabelecer critérios mais consistentes para o desenvolvimento de um projeto político pedagógico mais eficaz. Com todos os sujeitos envolvidos e não apenas uma determinação escolar que desenvolve tudo sobre a ética de suas regras.
Evidentemente, que não é uma tarefa fácil para a escola desenvolver um projeto político pedagógico dessa envergadura. Pois requer muito conhecimento de sua equipe, mais ainda, vontade política dessa equipe em desenvolver um projeto com essas características. Porque vai exigir muito mais trabalho e comprometimento. Ainda assim, os percalços pedagógicos de um projeto com essa visão irá sofrer as situações do cotidiano da realidade da comunidade e do meio social em que vive. É exatamente nesses momentos que todo o trabalho se torna mais difícil para manter a sustentação do projeto pela equipe escolar. Por isso ou por falta de conhecimento que muitas escolas acabam por seguirem uma lógica legislativa e funcionam sobre a sua ética e não a ética de sua comunidade.
 As experiências de escolas que realizam um trabalho pedagógico que procura gerar conhecimento e não apenas transferências de conteúdos, sem dúvida, realizam um trabalho mais complexo, mas também mais consistente para trabalhar a questão social e cultural de sua comunidade. Numa escola assim, existe uma relação mais produtiva entre os alunos e o espaço escolar, bem como, uma relação mais respeitosa entre escola e comunidade. Gerando nesta relação, seja de alunos e escola ou escola e comunidade responsabilidades entre todos os seguimentos, porque todos serão sujeitos e não elementos de um sistema unilateral de ensino e formação.