segunda-feira, 19 de março de 2012

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS (Possibilidades e Caminhos)

A crise da educação brasileira vive hoje em todos os meios de comunicação um eterno debate, que infelizmente estar muito longe de acabar. Isto porque as políticas públicas continuam sem atingir a meta da qualidade, tão sonhada pela sociedade brasileira. Faltando, Por exemplo, determinar uma política de recuperação do imenso prejuízo entre: Condições de trabalho e salário dos profissionais da educação, estrutura física das escolas, tecnologia, formação de professor e definição sobre o ensino médio. Porque o fundamental do ciclo I e II universalizou e pode num curto espaço de tempo ser resolvido e ter uma perspectiva animadora de qualidade brevemente. Para isso, é muito importante neste momento pensar para essa modalidade de ensino um programa curricular e uma proposta pedagógica, aliada a um avanço da tecnologia e capacitação de professores.
Outro aspecto importante para essa qualidade chegar para todos é ter um programa cultural escolar. Pois a cultura, através das artes visuais, das artes cênicas, da literatura e das artes plásticas, pode elevar a capacidade de aprendizagem e formar uma consciência escolar importante nas escolas brasileiras. Mais ainda, essa medida poderia chegar-se a uma política cultural escolar e conseguiria em pouco tempo gerar grande intercambio cultural entre as escolas e assim, gerar também um novo olhar para a educação e um laboratório de descobertas de talentos no campo das artes vindas do processo educacional brasileiro e ser visto como exemplo para o Mundo.
Mas, para isso acontecer, precisaria de vontade política e essa vontade deveria ser de Governo e não de partido político, porque no processo democrático como o nosso; tudo modifica quando se muda o partido que irá governar. A prova estar na educação, quantos projetos tem passado pela educação ao longo da sua história no país e quantos já foram descartados? Muitos! Não dar sequer saber sem um profundo estudo sobre o tema.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Educação: O Desafio Continua para o Brasil Mudar!

Todo final de um ano letivo no Brasil, vem às avaliações nas escolas do que foi o ano e de como será o ano seguinte, a partir dos resultados obtidos. Quase que em todas as escolas, resultados pífios e sem se saber ao certo de como mudar para melhorar. Isto porque continuamos empurrando a educação da maneira que dar e não da maneira que precisa ser para mudar essa constatação presente ano após ano.
Fala-se muito no futuro do país, quase sempre em futuro promissor! Porem, não estamos caminhando efetivamente para que esse futuro seja de toda a sociedade brasileira. Porque se esse futuro passa necessariamente, pela educação. Estamos comprometendo a maioria que estuda na escola pública e ainda criando a ideia nacional de que na escola particular esse futuro está garantido.
Nem uma coisa nem outra, pois nem sempre estudar na rede particular é sinônimo de sucesso garantido na carreira escolhida pelo estudante, da mesma forma, estudar na escola pública não está fadado ao estudante o fracasso sumariamente.
O que se discute hoje é a qualidade na educação, qual qualidade precisa ter para que possamos construir esse tão almejado futuro para as crianças e a juventude brasileira?
Responder a questão é construir políticas públicas, que possam efetivamente garantir essencialmente, na minha visão, três pontos fundamentais para a qualidade na educação tornar-se uma realidade, a saber:
- Formação e capacitação de professores voltados para a realidade atual diante da tecnologia e do saber, dentro de uma política de valorização profissional consistente e eficaz;
- Restruturação curricular adequada aos novos tempos e numa perspectiva profissional e acadêmica do estudante, para que possa escolher caminhos via a educação que construa qualificação diante do seu interesse e não diante do interesse do mercado e da política;
- Reforma e construção de escolas com uma arquitetura adequada e de acordo a necessidade do programa curricular e não apenas reformar e construir prédios sem uma visão da sua real necessidade de sua comunidade. Também equipando esse novo prédio a realidade tecnológica do estudante de hoje, pois um dos fracassos da nossa educação, a meu ver, está também na precariedade dos prédios escolares;
Ainda precisamos mais, para que efetivamente chegamos à qualidade. Mas se não enfrentarmos a questão que se coloca no desafio de construir uma educação de qualidade. Estaremos ai sim, fadados a ter no futuro promissor do país, um povo sem futuro nenhum e pior, entregando o país aos países que estão agora construindo um futuro de qualidade na educação.    

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Bairro e a Cidade em uma Escola de Projetos Culturais

As estratégias que são necessárias para a realização de um projeto educativo tendo como foco o bairro e a cidade e, reconhecendo e ampliando o universo cultural dos alunos. Deve, a meu ver, iniciar por um amplo entendimento da equipe escolar sobre a realidade da comunidade escolar e do seu entorno. Para isso, se faz necessário um amplo estudo do meio em que está inserida a escola, pois sem saber sobre o meio, fica quase que impossível ter um verdadeiro diagnóstico da realidade.
Feito esse estudo, a equipe escolar deve iniciar uma auto-formação, para que todos dessa equipe possam estar preparados para o desafio que requer um projeto dessa envergadura.
Sabemos que partindo do bairro, o olhar sobre a cidade é diferente e que necessita de muito conhecimento a cerca desse bairro, para compreender a cidade. Assim, para conhecer o universo cultural dos alunos neste contexto entre bairro e cidade. Precisamos de uma pesquisa minuciosa dos alunos, dos seus familiares e do bairro, para que tenhamos uma característica real dessa comunidade em relação à cultura, o bairro e a cidade.
Nesse sentido, o estudo do meio é um bom começo para envolver os alunos em um projeto dessa natureza. Pois o problema já existe, que é a comunidade diante do seu bairro, sua cultura e a cidade. Com certeza tendo também por parte do universo cultural dos alunos diversas hipóteses a serem estudadas.
Portanto, tendo a escola o problema e as hipóteses vindas da comunidade escolar, mais o resultado da pesquisa e a auto-formação da sua equipe em torno dela. Poderá desenvolver de forma autônoma um projeto educativo e assim reconhecer, porque estudou e percebeu e, poderá contribuir para ampliar o universo cultural dos alunos, porque desenvolveu com eles e com a sua equipe preparada o estudo do meio que partiu do bairro para olhar a cidade.
Dentro de uma perspectiva assim, se faz necessário uma gestão movida pela ideia de projeto. Dentro de uma concepção de escola de projetos, de preferência com o olhar também de uma escola de projetos em projeto. Exatamente para construir e ser construída pela sua comunidade em torno do seu projeto educativo e da necessidade dessa comunidade.
Desta forma, essa gestão precisa de autonomia para se estabelecer, que os órgãos governamentais também possam compreender o aprofundamento de um projeto assim. Apoiando e investindo com os recursos necessários para que efetivamente o projeto venha gerar conhecimento.

domingo, 31 de julho de 2011

Fenômeno comum das grandes cidades, as escolas pichadas e depredadas, o que fazer?

As escolas pichadas nas grandes cidades é a demonstração de uma cultura, que vem da perspectiva dos jovens da periferia em relação à visão que possuem sobre o Mundo em que vivem.
As escolas, infelizmente, por não compreenderem essa cultura, apenas procuram criar mecanismos de punição. Que nem sempre surgem resultados, pelo contrário, na maioria delas aumentam as situações de indisciplina dos alunos.
O que poderia fazer nessa situação, seria estudar com os alunos o problema visual que as pichações acarretam. Depois, montar com eles outra maneira da pichação, através de um projeto pedagógico mais formativo. Onde o aluno fosse o sujeito e não o elemento. Ou seja, buscar a partir do problema um projeto de pesquisa. Que certamente enriqueceria escola e comunidade, dentro de uma perspectiva de conhecimento.
As depredações vêm em função da primeira situação, ou seja, se o aluno picha e é punido, ele aumenta a sua participação negativa na escola e passa a pichar e depredar. Porque não se sente como sujeito, mas como elemento, de uma escola que não o ouve, apenas o cobra, dentro de uma visão que não é a dele, mas sim, uma visão distante do seu Mundo real.
Desta maneira, o aluno se comporta com resistência e passa a ver a escola como inimiga e não como uma instituição que vai dar a ele conhecimento, formação e desenvolvimento social.
Numa escola assim, é comum aumentar a violência, que é antes de tudo um fenômeno social, que a escola não está livre, pois ela também faz parte da sociedade e recebe dentro dela e em seu entorno a realidade da sua comunidade. Mas, em tendo um projeto político pedagógico que dê conta desta realidade, a violência social que é inerente a escola, poderá melhorar as relações de convivência no espaço escolar. Para isso, a escola, como instituição precisa propor, mas também precisa receber propostas dos seus alunos e de sua comunidade. Pois só a soma das propostas, escola, alunos e comunidade, poderão estabelecer critérios mais consistentes para o desenvolvimento de um projeto político pedagógico mais eficaz. Com todos os sujeitos envolvidos e não apenas uma determinação escolar que desenvolve tudo sobre a ética de suas regras.
Evidentemente, que não é uma tarefa fácil para a escola desenvolver um projeto político pedagógico dessa envergadura. Pois requer muito conhecimento de sua equipe, mais ainda, vontade política dessa equipe em desenvolver um projeto com essas características. Porque vai exigir muito mais trabalho e comprometimento. Ainda assim, os percalços pedagógicos de um projeto com essa visão irá sofrer as situações do cotidiano da realidade da comunidade e do meio social em que vive. É exatamente nesses momentos que todo o trabalho se torna mais difícil para manter a sustentação do projeto pela equipe escolar. Por isso ou por falta de conhecimento que muitas escolas acabam por seguirem uma lógica legislativa e funcionam sobre a sua ética e não a ética de sua comunidade.
 As experiências de escolas que realizam um trabalho pedagógico que procura gerar conhecimento e não apenas transferências de conteúdos, sem dúvida, realizam um trabalho mais complexo, mas também mais consistente para trabalhar a questão social e cultural de sua comunidade. Numa escola assim, existe uma relação mais produtiva entre os alunos e o espaço escolar, bem como, uma relação mais respeitosa entre escola e comunidade. Gerando nesta relação, seja de alunos e escola ou escola e comunidade responsabilidades entre todos os seguimentos, porque todos serão sujeitos e não elementos de um sistema unilateral de ensino e formação.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os Desafios da Educação Brasileira

Os desafios educacionais que persistem no âmbito dos sistemas e no âmbito das unidades escolares são imensos e precisa-se de políticas públicas a altura desses desafios. Para começar, entendo que o sistema precisa ser repensado em seu todo, não adianta focar em projetos que termina sempre que se inicia uma nova gestão. A continuidade em educação é hoje uma grande exigência, mas aquela que esteja em sintonia com os envolvidos, não pode ser de baixo para cima, sem debate e principalmente dando voz a quem está na ponta desse iceberg, que fundamentalmente são os professores e os alunos.
Essa política, precisa urgentemente recuperar o prestígio do professor na sociedade, sem a qual não sairá do atoleiro que chegamos. Com professores desmotivados e sem perspectivas profissionais, tendo ainda a baixa remuneração como pesadelo que parece não ter fim.
Os alunos dos Ciclos I e II precisam de um projeto que intercala a experiência da escola de tempo integral, com atividades extra-escolar culturais, filosóficas e esportivas em ambientes preparados e estruturados com profissionais capacitados e motivados.
O Ensino Médio precisa a meu ver de duas frentes, a primeira de ordem profissional, é inadmissível que os alunos cheguem à terminalidade sem terem adquirido uma profissão, principalmente para aqueles que saem da escola e não prossegue os estudos. A outra frente é exatamente para que prossigam com os estudos, tendo uma base que de fato venha qualificá-los para esse prosseguimento e não apenas o formando para sair da escola e sem perspectiva de futuro, como vem acontecendo ultimamente com um ensino médio desqualificado dessas competências.
Os professores precisam em um universo assim de uma jornada menor e centralizada em uma única escola, também numa única rede. Para terem formação continuada em serviço e não tendo que se desdobrarem para sobreviverem e ainda terem que se formar continuamente na profissão.
A escola precisa de autonomia verdadeira e de projeto político pedagógico que parte de sua realidade e não tendo que se virar para dar conta de um currículo que visa simplesmente a sua avaliação e não o seu desenvolvimento enquanto instituição de ensino. Com base estrutural física e humana para poder dar condições de trabalho aos seus profissionais.
Não se trata de construir nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pois a Lei nº 9.394/96, já garante todas essas mudanças que infelizmente ainda não aconteceu, exatamente por falta de políticas públicas e investimento. Assim, continuamos capengando em números efêmeros.
Temos que realizar uma cruzada nacional pela educação, mas na prática e não na teoria do discurso. Com todos os envolvidos e principalmente com a sociedade que tanto precisa desse avanço da educação.
Outro olhar que pode trazer resultado é a questão cultural, penso que chegou à hora de construir uma política cultural escolar, para possibilitar que a escola seja mais que um centro de conhecimento, mas sim, um centro de conhecimento e cultura. Com investimento e currículo que possa dar conta do potencial dos alunos e transformar o protagonizo juvenil em produção cultural. Com festivais escolares de arte, através da música, do teatro, da literatura, da dança, das artes plásticas, do cinema e da cultura popular em geral. Incentivando também numa escola assim a prática esportiva e os campeonatos escolares, ampliando os jogos escolares que já existem na educação brasileira.
Os desafios estão colocados para a educação brasileira, existem verdadeiramente condições, seja de ordem financeira ou de profissionais, para a grande revolução educacional em nosso país. Aproveitando agora que o debate sobre educação esteja na agenda nacional, São Paulo pode dar uma grande contribuição. Começando por valorizar os seus profissionais e incentivando a criação da escola de projetos culturais em projeto, em tempo integral e apontando para o futuro, com perspectivas reais e principalmente com uma escola real, para poder criar uma nova concepção sobre educação. É isso! 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

UM CONTO PARA CONTAR O TEMPO QUE MUDOU NA ESCOLA – PASSADO / PRESENTE

Gênero: Conto
Título: Ser Professor
Autor: Naidson P. Pires

Menino venha para dentro da sala de aula, olhe à lição! Vá que ainda é tempo de aprender. Já não chega de olhar essa exposição? Tome nota, está tudo no quadro-negro. Já para a sala. Onde já se viu, não obedecer! Que menino, que aluno é esse? Nem parece com o irmão, formou-se sem nunca me dar trabalho.
Onde é que já se viu, menino? Como pode não interessar pelos estudos. Coisa mais triste. Tome jeito. Mire no seu irmão! Que foi um aluno bom. Nota dez! Com direito à menção honrosa. Você não lembra? Claro que lembra, estava na formatura dele, como pode esquecer, menino?
Hoje você fica sem recreio. Onde é que você pensa que está? Agora entra, entra logo, menino. Tenha santa paciência. Eu nunca mandei o seu irmão entrar na sala de aula, nunca! Pelo contrário, precisava mandar ele ir embora, caso contrário não ia, ficava e não parava de estudar. Coisa mais linda! Dava gosto de ver. Naquele tempo, aliás, dava mais gosto ensinar. Tudo era diferente e o Mundo era outra realidade. Não era esse descabimento que está agora. Com alunos que não querem obedecer, fazer às lições. Comporta-se adequadamente.
Vamos menino! Até parece que não gosta de Matemática? Pois fique sabendo que era à disciplina que o seu irmão mais gostava. Dava gosto de ver! Sempre dava. Todos os dias ele dizia para mim: "Matemática é a matéria que eu mais gosto professora e também a mais importante". Ta certo que preferiu cursar Artes na faculdade, não fez Matemática, como havia me prometido.Mas justificou: "Professora eu gosto de expressar-me pelos olhos da Arte e pensar pela cabeça da Matemática". Que divino! Santo aluno.
Por quê não responde, menino? Por quê? Responde menino. Isso, assim que eu gosto: Matemática! Menino inteligente. Está vendo? Você está igual o seu irmão nesse momento. Está também no caminho certo. É como costumo falar: Basta ter um bom professor. Mas entra, entra logo, que eu estou perdendo a paciência. Vai! Entra. Às vezes parece que me engana. Não é
como o irmão que nunca insinuou me enganar. Mesmo quando foi fazer Artes, me explicou com a beleza da sua rara poesia do poeta maior que é. Enquanto você fica ai querendo dar uma de espertinho, coisa que não é, fique sabendo, danado.
Entra logo! Que eu ainda posso considerar. O que? Não vai entrar. Eu te mando para a diretoria, onde já se viu, querer me desrespeitar? Seu irmão nunca foi para a diretoria, nunca! Mesmo quando estava fazendo versos na minha aula eu não mandava, sabe por quê? Ele sempre me provava que estava estudando Matemática, com os seus versos e estrofes que contava a conta da Arte vinculada na poesia e na Matemática.
O que é que você andou vendo nesta exposição, quem te disse que Arte é mais importante que Matemática? Quem lhe ensinou esse absurdo? Quem? Seu irmão é que não foi, eu tenho absoluta certeza, aposto o meu título de professora de Matemática, meus anos de Magistério, que não foi ele. Ele jamais falaria tamanha bobagem. Ele amava às minhas aulas, um dia chegou a me confessar que era às minhas aulas que lhe inspirava fazer versos. O que me orgulho muito, pois está se tornando um dos mais brilhante poeta da nossa cidade e com imensa possibilidade de ser brevemente um dos melhores do país. Não era ele, que iria te dizer tamanha monstruosidade.
Passe já para dentro. Essa exposição não é tão importante para você ficar perdendo a aula de Matemática. Na reunião de Pais, vou conversar com a sua mãe. Vou explicar para ela tudo, tudo isso que você anda fazendo na aula de Matemática. Querendo imitar o irmão, você não é poeta, nunca fez versos como ele que estudava Matemática, fazendo versos. Você não me engana, ninguém me engana, ninguém. Imagina o que vai ser de você, sem aprender Matemática. Não adianta prometer. Porque comigo, prometeu, tem de cumprir. Que vai ser de você, quando passar para a série seguinte? Não se esqueça, que sem aprender nessa série, não adianta cursar à outra. Não adianta! Eu já te disse isso, não já? Agora fica ai quieto! Seu irmão sempre ficava, por isso que estudava Matemática fazendo versos. Exatamente porque quieto pensava, e pensando na lógica da matéria, escrevia paginas e paginas de versos que veio agora garantir o seu futuro e que brevemente estará na Academia Brasileira de Letras.
Por quê fica quieto agora? Alguma coisa você está pensando... Não ponha besteira na cabeça, já disse! E não foi apenas uma vez. Vá fazer à lição, já aprendeu o exercício? Tem de fazer tudo. Assim aprende. Quantas vezes eu tenho que lhe falar isso, hem menino? Com o seu irmão era diferente, bastava uma vez, eu não precisava falar duas vezes. Aliás, àquele era um tempo diferente, os alunos respeitavam demais o professor, agente dava aula e eles aprendiam. Não é como hoje, que o professor tem que se "matar" para por na cabeça desses danados que o estudo é muito importante para a vida deles. Eu não concordo com essa moleza que se dar atualmente, não posso concordar. Minha experiência tem me mostrado que é através da rigidez que se aprende. Por isso, sou rigorosa e vou me aposentar assim, não mudo. Não vou entrar no discurso do coordenador, querendo me ensinar às mudanças na Educação. Que mudanças? Que mudanças são essas, que faz com que os alunos virem esses questionadores do nosso trabalho? Como se agente não soubesse o que é melhor para eles.
E esse barulho agora, menino! Não bata na carteira com a ponta dos dedos, muito menos com a tampa da caneta. Pare com essa andança pela sala, espere à hora do intervalo. Ah! Esqueci que você não vai ter intervalo hoje, está de castigo. Não se esqueça de pedir licença a mim primeiro, para depois ir jogar o lixo no cesto de lixo. Não responda a sua professora, fique quieto. Porque não fica quieto? Se não ficar quieto fica de castigo. Faça à lição direito. Ponha a camisa do uniforme, onde já se viu, ficar vestindo esse casaco, nem está frio. Não fale, só pergunte. Pergunte o que não entendeu, que eu lhe explico. Vamos, pergunte. Não fica mudo, que eu não gosto. Não! Não é para perguntar qualquer coisa. Que coisa! Parece que não sabe perguntar direito? Fica perguntando besteira, isso é pergunta que se faça? Matemática e música? Não menino! Matemática não é música. Principalmente quando fica batendo na carteira com as pontas dos dedos ou com a tampa da caneta, achando que está estudando Matemática e fazendo música. Você não é o seu irmão, que fazia versos e me provava que estava estudando Matemática. Você não me convence, entendeu? E tire esse boné, que você vai ter seborréia nos seus cabelos. Até parece que o professor de Ciências não lhe explicou isso! Menino desnaturado. Depois ainda quer ter nota de participação. Como? Como você pode querer nota de participação, se não pergunta direito? Vamos, me responda menino? Ver se pode, perguntar se Matemática tem alguma coisa a ver com Música? Pergunta mais absurda, fugindo do que estou ensinando-lhe hoje. Pois fique sabendo que o seu irmão quando fazia versos na minha aula, mostrava claramente à ligação que havia dos versos, com o tema que eu estava trabalhando. Você não; batuca na carteira e depois vem me perguntar o que isso tem haver com Matemática. Que absurdo! Menino danado.
Agora deixa sua Professora descansar - Eu estou bastante cansada. Também pudera, desde cedo dando aula de Matemática. Você precisa, assim como foi seu irmão, ser um bom aluno. Educado e cumpridor da sua obrigação. Eu até que gosto de você. Tudo isso é para o seu próprio bem, não esqueça, eu já me formei, o seu irmão também, você ainda não, falta muito para formar-se. Muito! Olhe ai, está fazendo o exercício de maneira errada, não é assim. Essa não é a forma correta. Que besteira que você está fazendo, tentando misturar música com Matemática, não queira ser como o seu irmão que não é. Ele sabia fazer versos e intercalar com a Matemática, sempre dava certo. Você não consegue com música estudar Matemática, ponha isso na cabeça e faça como eu expliquei, entendeu? Como eu expliquei. Porque eu te expliquei, não expliquei? Agora vai chorar. Pronto! Começou o berreiro. Chora não, que é muito feio. Você já é grande demais para chorar. Fique sabendo que o seu irmão nunca chorou em minha aula, nunca. Está certo que a professora de Artes, muitas vezes viu suas lagrimas escorrerem pelo rosto. Mas logo ele as limpava com o lenço branco que sempre carregava no bolso esquerdo da calça. E depois dizia com orgulho para ela e os colegas: "choro pela emoção da arte entrando nas minhas veias, como versos que formam a poesia da vida". E todos o aplaudiam, como até hoje aplaudem, pois é o nosso poeta maior e com certeza em breve será o melhor do país, para depois seguir firme para a Academia Brasileira de Letras. Ganhando o Mundo! E colocando a nossa poesia no cenário mundial.
Agora cuide dessas lagrimas, vai cair no caderno e manchar o exercício. Pare! Pare de chorar imediatamente. Se não eu te mando para a diretoria. Cale essa boca! Você precisa terminar o exercício. Pare! Eu já disse, não disse? Então pare, que eu não vou mais tolerar menino. Que coisa! Parece que vive querendo copiar o irmão. Mas sempre de maneira errada, por quê não vai chorar na aula de Artes? Você ainda me fala que vai ser músico quando crescer? Nem têm sensibilidade, onde já se viu um músico chorar na aula de Matemática. Que falta de imaginação, perdeu até a compostura e ainda quer me enganar. Músico? Como! Como pode ser músico, chorando na aula de Matemática?
Recreio não vai ter, eu não vou voltar atrás. O que falo, está falado, é lei e pronto. Acabou! Não se fala mais nisso. Depois ainda vai dizer para os colegas que comigo, basta derramar umas lagrimas e está tudo resolvido. Não está, porque eu não sou assim. Não sei como você tem a coragem de pedir para ir para o recreio. Se você for para o recreio, depois não obedece mais a professora. Por isso, não vai. E eu já disse, que não volto atrás. Assim está decidido, não vai. Deixe de manha, que você não é mais criança, continuando assim, o que é que vai dizer os seus colegas? Continua assim, que não vai ter mais recreio esse ano, entendeu? Pensa que professor é Maria vai com as outras? Que é seu pai? Tome jeito, menino. Por quê não é como o irmão? Ele nunca deixou de ir para o recreio. Pelo contrário, precisava manda-lo ir. Se não, não ia. Preferia ficar na sala de aula, fazendo versos e provando, sempre me provando, que estava estudando Matemática. O que era verdade, entendeu? Verdade! E ninguém pode dizer que não era. Pois o futuro que teve e ainda terá pela frente na sua carreira de poeta, prova tudo isso que estou lhe dizendo.
Terminou o exercício agora mesmo e já não lembra mais da formula. Ainda vai dizer que é porque a professora não explica direito. Mais ainda, que a professora não sabe nada, o que é pior. Depois vai chorar no colo da mãe. E ainda ganha presente de aniversário. Também, esses pais, que põe os filhos no Mundo e botam nós, os professores, para educar. Está certo que os seus não são assim. O exemplo maior de que não são, é o seu irmão. É o Mundo atual, virado de cabeça para baixo. Onde os filhos não precisam mais batalhar para ter as coisas, tiraram o desafio e o que ficou foi essa moleza. Veja aqui na escola, como mudou. Olha a facilidade para passar de ano. Basta freqüentar, não estourar em faltas, para passarem. Que moleza, que moleza meu Deus! No tempo do seu irmão, não era assim não. Ele não ganhava presente de aniversário com tanta facilidade assim. Como você ganha hoje, não ganhava. A vida era mais difícil. E não tinha essa tecnologia de hoje, esses vídeos games que mais parecem com a realidade, tiraram o sonho, a imaginação e a criatividade. Sobrou o quê? O quê? Nada! O nada, apenas o nada. Ficando esses meninos perdidos, sem perspectiva, sem futuro. Com as cabeças viradas para a lua e sonhando um sonho perdido, dando bobeira e vendo a vida passar como se fosse uma festa, no trem da alegria e da ignorância. Pobres diabos! Pobre Mundo! Sem poesia, como o seu irmão faz, e sem arte. Nem precisa falar sem Matemática, que ai é pedir demais, nesse contexto diminuto em que estamos metidos, todos nós! Porque simplesmente o Mundo mudou. E mudou para pior.
Vai menino! Vai para o recreio. O que vou fazer? Tenho que corrigir tudo isso. Não posso ficar aqui, tomando conta de você. Mas é só hoje, não tem mais chance. Lembre-se que eu não volto atrás. Só estou voltando porque estou apertada. Com tanta coisa para fazer. Vai menino! Vai, que no fundo eu estou fazendo e falando tudo isso, que é para lhe ajudar. Para que você possa pelo menos chegar perto do seu irmão, ainda que seja difícil, mas que vale a pena tentar. Vale sempre, sempre. Porque é esse o nosso oficio, tentar e tentar. Para ajudar vocês terem futuro, uma vida digna e com habilidades suficientes para enfrentarem esse Mundo de cabeça virada, como se estivesse andando para trás, apesar de todo o avanço tecnológico que estamos vivendo. Também é porque eu gosto de você, pronto! Confessei, eu gosto de você. Menino danado! valha-me Deus do céu. Que Professor é isso mesmo, tem que ser exigente, mas também tem que ser flexivo. Ser educador, ser... Bem ser um ser que atua, releva e modifica o tempo todo e de todas às maneiras. Pronto! Também estou falando agora igual o coordenador, contradição? Não, não é. Pois eu não posso me deixar levar por essas mudanças bestas, apenas estou reafirmando o meu juramento, que fiz quando me formei: Modificar conforme o tempo do saber de cada um. Mas note bem eu disse saber, não foi adquirir conhecimento, como anda dizendo hoje. Como se alguém vai adquirir conhecimento com essa facilidade que é dada nesse tempo da chamada educação moderna. Isso é ilusão, portanto, continuo com o meu jeito antigo de ensinar, continuo querendo formar gente como formei o seu irmão. Só assim é que posso deitar a cabeça no travesseiro e dormir com a consciência do dever comprido.
Vai menino, vai para o seu recreio e não esqueça de fazer os deveres de Matemática. Amanhã os quero prontos e certos, não admitirei erros. Entendeu bem? Portanto, não venha com desculpas, muito menos justificativa descabida, certo? Faça como o seu irmão, que podia não trazer os exercícios perfeitamente como eu explicava. Mas trazia versos e com eles, a idéia da utilização deles, para o estudo da Matemática. O que eu concordava, pois eram tão lindos que jamais pude desperceber a essência do raciocínio que elaborava, com a maestria de um grande poeta. Tanto era, que hoje todos nós, temos o maior orgulho de telo como filho desta terra querida. E eu, ainda tenho o orgulho de ter tido-o como meu aluno.
Vai menino! Vai logo, antes que eu me derrame em lagrimas, por toda essa emoção vivida neste momento, com a cabeça no passado e pensando no futuro seu, dos seus colegas, desta escola, que comecei a lecionar e irei me aposentar brevemente, pensando neste país, na sua educação, no futuro da sua gente, no meu próprio futuro, aposentada, sem nada para fazer, porque só sei ensinar Matemática. Vai menino, que daqui a pouco bate o sinal do tempo, e me verei andando e divagando a procura dos versos do seu irmão para me consolar, desta vida que me espera lá fora desses muros que me prendeu por toda à vida. Talvez, seja mesmo por isso, que agora, com as mudanças que tanto fala o coordenador que eu não consiga enxergar. Embora, eu penso sempre em um verso deixado pelo seu irmão, como recordação, no último dia em que lhe dei aula: "O tempo é fruto do infinito / em que possamos avaliar / aquilo que desejamos ser / diante das mudanças do Mundo / sem perder o bonde da história".
Vai menino! Vai logo, que daqui a pouco é o seu sinal que acaba, e ficará sem recreio, tendo que ir batucar com as pontas dos dedos ou a tampa da caneta na carteira na aula de Artes e ainda me fazendo descobrir se música tem alguma coisa a ver com a Matemática. Vai! Antes que seja tarde, e os seus colegas me vejam aqui chorando, com esse momento de recordação e de pensamentos no passado que não volta mais. Vai menino! Pare de fazer música, como o seu irmão, que também fazia versos nos intervalos dos recreios, sonhando em ser um poeta, para fazer versos para confortar os corações da brava gente brasileira. 

quarta-feira, 23 de março de 2011

MAIS UM ANO CHEGOU!!!

Mais um ano chegou e a educação brasileira continua correndo contra o tempo. As políticas públicas promete muito para esse ano, afinal os brasileiros clamam pela qualidade para todos. Como conseguir? Grande pergunta que para obter resposta precisa de investimentos na educação, condições de trabalho para os trabalhadores em educação, formação de professores e muito mais...
Temos desafios!
O grupo Enter@Ação, continua esse ano com o seu trabalho de práticas pedagógicas, oficinas e pesquisa, para contribuir com essa busca pela educação de qualidade para todos. Vamos Lá...